quarta-feira, 8 de abril de 2009

Martinho Lutero: a justificação pela fé.


Martinho Lutero, monge agostiniano e doutor em Teologia pela Universidade de Wittenberg, foi o impulsionador da reforma religiosa na região da atual Alemanha. Ele aceitava as idéias de Jan Huss principalmente no que dizia respeito às propostas de liberdade de culto e de liberdade de consciência individual. Divergindo das orientações de Roma, Lutero acreditava que a salvação da alma resultava da fé, a graça divina mais importante do homem; e que as boas obras em nada influíam para a salvação. A partir dessa idéias, Lutero condenou a compra de indulgências como passaporte para o reino dos céus.
As condições políticas e econômicas do Santo Império Romano-Germânico, que abrangia boa parte dos territórios alemães, favoreceram a difusão das concepções de Lutero. O Império era formado por diversos principados independentes, governados por nobres que elegiam o imperador. O poder imperial estava nas mãos da dinastia dos Habsburgos, representada por Carlos V (1500-1558), que tinha fortes ligações com a Igreja Católica. Havia cardeais entre os Eleitores do Sacro Império. Além disso, muitos feudos eram controlados pelo clero, que conseguia grandes lucros com o arrecadamento dessas terras. Outras fontes de renda da Igreja provinham da arrecadação do dízimo e do comércio de indulgências. Diante do poderio econômico e dos abusos cometidos pelos eclesiásticos, diversos segmentos sociais faziam fortes críticas à Igreja, criando um terreno favorável para a proposta de reforma religiosa.

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O conflito entre Roma e a burguesia mercantil, por sua vez, esteve ligado à oposição eclesiástica á usura, isto é, ao pagamento de juros nos empréstimos. A Igreja propunha, em vez disso, a Teoria do Justo Preço, segundo a qual era estabelecido um limite para os lucros dos comerciantes.
Como era previsível, os fatores imediatamente associados à proposta de reforma religiosa diziam respeito ás práticas da Igreja Católica: a venda de indulgências para o perdão dos pecados, as negociatas em torno dos cargos religiosos,o despreparo e a vida desregrada de muitos sacerdotes tornavam-na alvo de criticas de grande impacto popular.
Na esfera teológico-filosófica, estavam em confronto duas propostas. De um lado o Tomismo, doutrina do teólogo italiano São Tomás de Aquino, adotada oficialmente pela Igreja Católica, e que tentava conciliar o cristianismo com a teoria do livre-arbítrio; do outro lado, as concepções de Santo Agostinho (354-430), doutor da Igreja nascido na África romana, que pregavam a predestinação e a fé. A doutrina agostiniana serviria de base para a Reforma Protestante.

terça-feira, 7 de abril de 2009

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Questionando verdades estabelecidas, sacramentadas pela Igreja, o homem do Renascimento lançou-se na aventura de pensar livremente. A teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico, o método cientifico de Francis Bacon (1561-1626), a física de Isaac Newton (1642-1727), as múltiplas pesquisas empreendidas por Leonardo da Vinci apontavam o caminho, levando ao abandono de muitas concepções medievais e enfatizando a importância da razão e do pensamento sem barreiras. Essa atitude seria estendida á esfera religiosa: a Reforma não propunha intermediários entre Deus e o homem.
A formação das monarquias nacionais também contribuiu para o movimento reformista, uma vez que o conflito entre o poder temporal, representado pelo rei, e o poder espiritual, representado pelo papa, constituiu um obstáculo ao fortalecimento da autoridade central. Além disso, os dízimos transferidos para Roma prejudicavam as finanças dos Estados nacionais. E os extensos feudos da Igreja em cada país eram cobiçados pelos reis e pela nobreza territorial, que se apoderaram deles no decorrer da reforma religiosa.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

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A execução de Huss por ordem do imperador Sigismundo (1368-1437), que governava o Sacro Império Romano-Germânico , deu origem ao hussismo, movimento de massas contra a autoridade eclesiástica e imperial. O hussismo passou a ser a bandeira de rebelião das massas camponesas empobrecidas, e também a expressão do nacionalismo boêmico. Em 1434, depois de numerosas vitórias, os hussitas foram massacrados. Um século depois, Lutero admitiria que Huss era o grande precursor da Reforma. A afirmçao da nacionalidade, que levava os camponeses a Boêmia à rebelião sob a bandeira hussita, em outras partes a Europa conduzia à formação das monarquias nacionais. Isso é um indício de que, naquele momento, interligavam-se os vários aspectos da crise feudal, tais como o desenvolvimento cultural e cientifico, a formação das monarquias nacionais, o peso crescente dos setores mercantis e manufatureiros e o declínio da Igreja Católica. Todos esses aspectos se associaram à reforma religiosa, articulando-se ao maior ou menor grau de centralização do poder político e as outras condições que variam de país para país.

A Reforma Protestante

Os precursores da reforma.
Alguns intelectuais dos séculos XIV e XV podem ser considerados precursores do movimento reformista. Entre eles esta o inglês John Wycliffe (c.1330-1384), professor em Oxford, que denunciou a corrupção do clero e desafiou a autoridade da Igreja ao afirmar que qualquer um que tivesse fé poderia conseguir a salvação eterna. Suas idéias sobre a salvação pela fé e não pela pratica de “boas obras”, como a compra de indulgências, serviam de inspiração para as 95 teses que expressaram as críticas de Martinho Lutero à Igreja Católica.
Outro precursor da Reforma foi o padre Jan Huss (c.1370-1415), natural da Boêmia (região que hoje integra a República Tcheca), que morreu queimado na fogueira em 1415. Profundo conhecedor dos textos bíblicos e do pensamento de Wycliffe, Huss pregava a obediência estrita às Escrituras e denunciou a corrupção e o luxo do clero. Ele traduziu textos sagrados para a língua do seu povo; sua vida e sua obra são reverenciadas como momentos marcantes de afirmação da nacionalidade tcheca.

domingo, 5 de abril de 2009

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Outros estados como Inglaterra e França seguiram os passos dos ibéricos. Assim, foi a serviço da Inglaterra que o italiano João Caboto realizou duas viagens ao Canadá, em 1497 e 1498. Em meados do século XVII, os habitantes de todos esses países já haviam tido contato com a America. Isso acabou por modificar profundamente o conhecimento que os homens tinham do mundo e de si mesmo, abrindo caminho para novos interesses e maneiras de pensar. Uma tese afirma que, em 1498, o navegador português Duarte Pacheco Pereira, a serviço de D.Manuel I, teria ancorado no litoral brasileiro. Esse ponto estaria registrado no livro “Esmeraldo de Situ Orbis”,ou “Sobre os Mares do Mundo”, escrito pelo navegante entre 1505 e 1508.

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A rota ocidental para o oriente voltaria à ordem do dia em 1519, com a expedição de Fernão de Magalhães, navegador português financiado pela Espanha. Magalhães partiu da Espanha com cinco navios.Dirigiu-se ao Atlântico sul, passou pelo extremo meridional do continente, utilizando a passagem hoje conhecida como estreito de Magalhães, cruzou o Oceano Pacifico e em 1521 chegou às Filipinas, onde foi morto num conflito com os nativos. A viagem durou três anos e, pelo que consta dos 237 homens a bordo cinco navios, apenas dezoito retornaram, num único barco. Entre o punhado de sobreviventes estava Francisco Pigaffeta, navegante e escritor. Ele foi o responsável pelos relatos da viagem, que comprovavam que a terra era redonda: a primeira circunavegação do planeta se realizou sob a bandeira espanhola.

sábado, 4 de abril de 2009

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Finalmente, em 1500, Pedro Álvares Cabral, nobre que se destacara na corte portuguesa como hábil negociador, viajou para as índias como enviado especial de D. Manuel, encarregando de estabelecer contatos diplomáticos com os reis daquela região, Cabral aportou na ilha de Vera Cruz, primeiro nome dado ao Brasil, e depois seguiu viagem até a Índia. Ao regressar com a notícia que havia tomado posse das terras do Novo Mundo, ampliando as possessões lusitanas, recebeu várias homenagens.
Diferentemente dos portugueses, os espanhóis optaram por outra rota, na tentativa de descobrir também um caminho para as índias: o poente (oeste). Cristóvão Colombo foi um dos primeiros navegadores a fantasiar a descoberta do que seria a América: ele acreditava que o seu empreendimento abriria as portas para o paraíso. Navegador italiano, ele foi financiado pela coroa espanhola após a queda de Granada, ultimo reino mulçumano na Península Ibérica. Sua chegada em 1492 à América - que ele julgava se parte das Índias - e as expedições subseqüentes ao Novo Mundo acirraram as disputas entre Espanha e Portugal.

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O projeto de exploração marítima receberia novo impulso no reinado de D. João II. Em 1482 Diogo Cão chegou à foz do rio congo e nos três anos seguintes conduziu seus navios mais para o sul. Depois foi a vez de Bartolomeu Dias,que,entre 1487 e 1488, conseguiu chegar ao extremo meridional do continente africano, que passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança. Em 1497, Vasco da Gama, nomeado pelo rei D. Manuel I, partiu de Portugal à frente de uma expedição que descobriu o caminho marítimo para as Índias. Contornando a costa oriental da África, a frota portuguesa passou por Moçambique, a seguir por Mombaça e, finalmente, chegou em 1498 em Calicute, na costa sudoeste da Índia. Em 1524, Vasco da Gama refez seu trajeto, implantando as bases para o domínio português no Oceano Índico.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O expansionismo Ibérico

No início do século XV, os portugueses iniciaram seus grandes empreendimentos marítimos em direção a Ásia navegando pelo oceano Atlântico. As viagens se tornaram mais intensas após a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A passagem terrestre da Europa para o oriente foi bloqueada, o que agravou a urgência para se achar um novo caminho para a Índia.
O pioneirismo português nessa “aventura marítima” pode ser explicada pelos seguintes fatores: consolidação precoce do regime monárquico; relativa à escassez de recursos naturais; existência de uma estrutura social que dava importância ao comércio; liderança em tecnologia náutica; espírito de aventura.A primeira conquista dos portugueses no continente africano foi a cidade marroquina de Ceuta, em 1415. A seguir, navegadores portugueses atingiram a Ilha da Madeira entre 1427 e 1431, o Arquipélago dos Açores. Em 1434 Gil Eanes ultrapassou a barreira do cabo Bojador, que, segundo a tradição grega, era o limite máximo para se navegar sem o perigo de ser queimado ou engolido por um monstro marinho. Em 1440, as explorações ganharam um importante apoio tecnológico com o desenvolvimento das caravelas, mais leves e manejáveis. Utilizando caravelas, os portugueses atingiram o Arquipélago de Cabo Verde em 1444 e continuaram a explora a costa africana, chegando em 1460 à Serra Leoa.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

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É somente a partir do século XV que as viagens ultramarinhas ganham impulso. Num primeiro momento, eles eram organizados por governos e companhias de comercio, com o objetivo de exploração. A necessidades de se obter metais preciosos para a cunhagem de moedas impulsiona a expansão ultramarina. Além disso, portugueses e espanhóis precisam encontrar o caminho marítimo para as Índias, pois isso lhes permitiria aumentar a lucratividade do comercio de artigos orientais, até então monopolizados pelos italianos. Sem o apoio dos governos, esse empreendimento não seria possível. Ao lado da necessidade de metais preciosos e produtos orientais, em especial as especiarias, havia o espírito missionário,o desejo de agradar a Deus com a conversão dos pagãos, e o espírito de aventura dos navegadores.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Inferno e paraíso

O encontro dos europeus com os habitantes de América teve forte conotação maniqueísta. De um lado, estava o “bem”, simbolizado por Deus e pela busca do paraíso; de outro, o “mal”, representado pelo Diabo e o inferno. Assim, a idéia da conquista de novas terras vinha acompanhada pelo desejo de levar a palavra de Deus para as “criaturas demonizadas” do Novo Mundo, por meio da catequese.
A idéia da existência de uma “humanidade invisível” nas terras ultramarinas, sustentada pelas considerações imprecisas de alguns viajantes, ratificada a lógica da identificação desses povos com o Demônio.
Em torno desse tema, articulou-se ma sucessão de representações fantásticas em que se transformarão em perfeitas epopéias.O pensamento cristão havia se adaptado à política expansionista e a propagação da fé vincula-se a empresa marítima. O próprio “descobrimento” do Brasil recebeu uma explicação teológica. Para os religiosos portugueses, dentre as diversas nações do planeta, Portugal teria sido escolhido por Deus para concretizar tal realização.