segunda-feira, 30 de março de 2009

Continuação...

As limitações da época foram responsáveis por erros consideráveis na descrição da Terra. Existem enganos, por exemplo, nos mapas mediterrâneos de Ptolomeu: ele supunha que a África estava ligada por terra à Ásia, fechando o oceano Índico. Acreditava-se na existência de um continente ao sul do Índico, e a Ásia era mostrada bem mais a leste do que realmente esta. Esse acervo cartográfico foi utilizado por Cristóvão Colombo para comprovar a sua chegada às Índias.
É verdade que cada expedição marítima melhorava as condições para a expedição seguinte, pois testava aperfeiçoamentos técnicos e proporcionava novos conhecimentos. Objetos como o astrolábio (instrumento circular ou esférico graduado usado para determinar a altura do sol), a bússola, quadrantes (instrumento óptico que permite medir a altura dos astros) e portulanos (roteiros descritivos de viagens) foram extremamente úteis as grandes navegações. De modo geral, porém, esses instrumentos levavam a conclusões imprecisas.
Com o passar do tempo, a visão cartográfica aproximou-se cada vez mais do real, mas as alegorias e os valores ideológicos dominantes no período permaneceram nos mapas da época moderna. Das aventuras dos europeus no “mar tenebroso”, como era denominado o Atlântico, surgiram descrições interessantes a respeito do que ainda não era totalmente conhecido.
Os mapas representados na modernidade européia renascentista, centro da cultura cristã, espelhavam-se na imagem criada pelo europeu. A posição saliente da Europa ricamente vestida é uma mostra de como o velho mundo se via em relação as outras partes do globo.
A América é apresentada como uma região que desconhece as estruturas políticas, de acordo com o significado da palavra para os Europeus. A pratica do canibalismo, um habito condenável pelos cristãos, também é evidenciada.

domingo, 29 de março de 2009

Tratado de Tordesilhas

Este é apenas um texto informativo, a próxima postagem virá com a continuação do tópico anterior.
A expansão marítima portuguesa e espanhola foi seguida por inúmeras petições (pedidos ou solicitações dentro de formalidades legais) à Igreja com o objetivo de proteger o acesso aos metais preciosos, ás especiarias orientais e às oportunidades do Oriente.
Portugueses e espanhóis obtiveram como resposta às suas petições uma série de bulas papais (documentos emitidos pelos papas de caráter internacional e oficial) que lhes concediam o monopólico no mar Oceano. Dentre esses documentos destacaram-se a bula “Aeterni Regis” de 1481. Em 1494, o rei lusitano opõe-se á ultima concessão papal e exige novas negociações. Um acordo é alcançado em junho daquele ano, por meio do tratado de Tordesilhas.
Esse documento, assinado entre os dois governos na cidade de Tordesilhas, garantiu à Coroa portuguesa as terras que viessem a ser “descobertas” até 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Pode-se dizer que tal tratado permitiu moderar a disputa entre os países ibéricos. Mas, quando outros países entraram na corrida marítima, ele não teve qualquer poder para detê-los. Francisco I, rei da França, observou ironicamente: “Gostaria muito de ver no testamento de Adão a passagem em que ele divide o Novo mundo entre meus irmãos, o imperador Carlos V (da Espanha) e o rei de Portugal”. Em meados do século XVI, o ministro William Cecil (1520-1598), do governo da rainha Elizabeth I, advertiu o embaixador da Espanha de que “O papa não tinha direito de fazer a partilha do mundo e de dar e tirar reinos a quem bem entendesse”.

sábado, 28 de março de 2009

Continuação...

Apesar de sua curiosidade, os europeus temiam o desconhecido. Detentores de poucas técnicas náuticas e aterrorizados pelas histórias de monstros marinhos, os navegadores também estavam cientes das dificuldades de comunicação.
Outro problema era a insuficiência de mapas cartográficos. A cartografia da época entrava em contradição com a da Antigüidade Clássica, uma vez que gregos e romanos, por exemplo, tinham confeccionado mapas muito mais preciosos do que os homens medievais. Dentre as obras que sobreviveram à ação do tempo destacou-se o trabalho de Ptolomeu, cujas cartas foram utilizadas por Cristóvão Colombo (1451-1506) em seu projeto de navegação.
Esse, portanto, foi um dos motivos responsáveis pelo atraso no inicio da expansão marítima, que se deu somente a partir do século XV.
Até a assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494), a cartografia do Velho Mundo praticamente se baseava nas teorias de Ptolomeu. O conhecimento cartográfico, a partir do século XV, passou a significar poder e múltiplas vantagens para os Estados nacionais,como no caso dos portugueses, que no final do século XV lideraram a confecção de mapas. O conhecimento cartográfico era segredo de Estado.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A Expansão Ultramarina Européia

O Grande Apelo do Desconhecido
Quais razões levaram os navegadores europeus dos séculos XV e XVI a sair do seu espaço familiar, o seu “berço”,para ampliar os limites do mundo?
A expansão marítima não atendeu apenas a interesses comerciais. Os europeus tinham outras motivações. Entre elas, o desejo de conhecer “as maravilhas” narradas pelos poucos homens que haviam tido a oportunidade de viajar naquela época.
Os relatos de viagens mesclavam realidade e fantasia. O “Livro das Maravilhas”, do italiano Marco Polo (1254-1324), e as histórias do francês Jean de Mandeville (1300-1372) são bons exemplos da união entre o real e o imaginário.
Os mitos que cercavam o homem moderno, e que se ligaram de forma intrínseca ao movimento ultramarino dos séculos XV e XVI, tinham suas origens na mentalidade medieval, que fundia a maravilha e a busca do paraíso com motivos religiosos e a procura de riquezas. Os relatos de Marco Polo e de outros viajantes medievais que haviam percorrido a Ásia e a região do Índico favoreceram o surgimento de fantasias referentes à descoberta de novas terras, nas quais haveria a possibilidade de se encontrar riquezas e “monstros”. Essa tradição mitológica medieval foi fertilizada na modernidade pelos complexos modos de ver e de sentir a aventura do além-mar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Continuação...

Nos estudos da física destacaram-se Galileu Galilei e Leonardo da Vinci. O primeiro desenvolveu a lei da queda dos corpos e o segundo desenvolveu a pesquisa no campo da hidráulica e da hidrostática.
No campo das ciências relacionadas à medicina destacaram-se Mundinus, que introduziu a prática da dissecação de cadáveres para obter um conhecimento legítimo da anatomia humana: Falópio o descobridor dos ovidutos humanos ou trompas de Falópio; Eustáquio que descobriu a ligação entre o ouvido médio com a garganta e, dentre outros, Miguel Servet e William Harvey que realizaram trabalhos referentes à circulação do sangue. Neste campo, Leonardo da Vinci também se destacou e realizou dissecações buscando um maior conhecido anatômico para aplicar em suas obras de arte.
Podemos ainda apontar como cientistas de destaque o alemão Johann Kepler e o suíço Paracelso. Kepler aperfeiçoou a teoria de Copérnico ao comprovar que os planetas se movimentavam em torno do Sol em uma órbita elíptica e não circular. Por sua vez, o alquimista e médico Paracelso (cujo nome verdadeiro era Theophrastus von Hohenheim) escreveu o primeiro manual de cirurgia, focalizou o papel da química na medicina, fez uma descrição clínica da sífilis e descobriu a relação do cretinismo dos filhos e o bócio dos pais.

quarta-feira, 25 de março de 2009

E o raciocínio provou que a Terra gira em torno do Sol...

Era inevitável que um movimento tão vigoroso quanto o Renascimento, que estudou o homem e a natureza fundamentado no espírito crítico, contribuísse para o desenvolvimento científico. Em especial, os campos da astronomia, da matemática, da física e da medicina tiveram importantes avanços.
O grande feito da astronomia foi a comprovação da teoria heliocêntrica que se contrapôs à teoria geocêntrica de Ptolomeu. Enquanto os geocentristas defendiam a idéia que o Sol girava em torno da Terra, os heliocentristas defendiam a idéia que a Terra girava em torno do Sol. A teoria geocêntrica foi refutada abertamente pela primeira vez por Nicolau de Cusa. Posteriormente, o polonês Nicolau Copérnico, estudioso de direito civil e canônico que freqüentou importantes universidades na Itália, interessou-se pela astronomia e com, base em cálculos matemáticos e sugestões de alguns importantes cientistas italianos, concluiu que os planetas giravam em torno do Sol. O resultado de suas pesquisas só seria divulgado no século XVI, uma vez que o cientista polonês temia a hostilidade da Igreja Romana. Galileu Galilei, um dos mais importantes cientistas italianos, comprovou a teoria heliocêntrica de Copérnico. De posse de um telescópio, Galileu descobriu os anéis de Saturno, os satélites de Júpiter e as machas do Sol. Além disso, Galileu concluiu que a Via Láctea era uma aglomeração de corpos celestes independentes do nosso sistema solar.

terça-feira, 24 de março de 2009

Continuação...



O classicismo manifestou-se nas artes plásticas, no ideal de serenidade e harmonia, mas está presente em todas as esferas da criação renascentista. Essa característica pode ser explicada a partir da retomada dos valores da Antiguidade, como correntes de pensamento, doutrinas políticas, concepções filosóficas e históricas. Ou seja, o classicismo representou uma espécie de “depósito de pensamentos” sujeito a transformações de acordo com as necessidades ou desejos da época.
O hedonismo renascentista, por sua vez, valorizou o corpo, os prazeres terrenos e espirituais, o culto do belo e da perfeição. O naturalismo estimulou o domínio do homem sobre a natureza e levou à substituição das explicações sobrenaturais ou transcendentais pelas racionais.
Finalmente, em vez do teocentrismo medieval, o antropocentrismo renascentista reservou o centro do universo ao homem. Este passou a desenvolver sua capacidade de descobrir verdades por conta própria e de crescer, material e espiritualmente, a fim de deixar sua marca no mundo. O homem passou a construir as coisas à sua imagem e semelhança, escolheu seu próprio passado e teve a capacidade de deixar um testemunho da sua existência a partir da sua excelência e imortalidade.
Em certa medida, porém, essa atitude implicou em conflito com as concepções religiosas, ou seja, os pensadores renascentistas questionaram não só o conservadorismo da Igreja, mas também formularam novos princípios que terminaram por deflagrar os movimentos religiosos reformadores, entre os quais a ruptura impulsionada por Martinho Lutero.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A trajetória de uma idéia

Vantagens comerciais decorrentes de posição geográfica, a existência de um grande número de unidades políticas independentes e o desenvolvimento manufatureiro permitiram que o norte da Península Itálica fosse a região precursora do movimento renascentista. Aos fatores mencionados, somam-se a presença de uma tradição clássica muito forte, graças ao seu passado com centro do Império Romano, e a influência dos bizantinos, que se fixaram na península para escapar aos ataques dos turcos contra Constantinopla. Outro elemento importante foi o papel desempenhado pelos mecenas: papas, cardeais, príncipes ou ricos mercadores que, movidos pela ambição, pela busca de popularidade e poder, passaram a contratar os serviços dos artistas e se tornaram os grandes incentivadores da cultura italiana.
Os mecenas souberam escolher: alguns de seus protegidos realizaram obras que desafiam os séculos, vendo o homem como parte da natureza e buscando proporções naturais entre a formas humanas e o meio circundante.
Em suas pesquisas, Leonardo da Vinci evidenciou sua preocupação com a anatomia humana e a necessidade de conceber as imagens por meio do rigor matemático. Michelangelo (1475-1564), arquiteto, pintor e escultor emprestou a beleza e a força da herança greco-romana a personagens bíblicos. E Rafael expressa, em suas Madonas, a harmonia e a serenidade do classicismo renascentista.
A partir do século XV, a cultura renascentista saiu da Itália e se espalhou por outros países, apresentando características tais como: classicismo, hedonismo, naturalismo, antropocentrismo e racionalismo.

domingo, 22 de março de 2009

Continuação....

(Esclarecimento: Em decorrência do tamanho do assunto as postagens serão feitas em pequenas partes, para que a leitura se torne agradável. Quando o título da postagem for Continuação estará se referindo ao tópico anterior.)
O Renascimento cultural teve sua origem nas mudanças políticas, econômicas e sócias ocorridas a partir da Baixa Idade Média. Foram transformações dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, dos valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e que atingiram a alta burguesia e a nobreza, excluindo os demais segmentos da sociedade. Portanto, tratou-se de um movimento elitista.
Mas o período medieval não terminou subitamente em dado ponto nem a sociedade moderna veio à vida em um outro. Alterações na mentalidade do homem, bem como no gosto, na arte, na filosofia, na teologia, na economia e na política fizeram parte de um processo lento que se iniciou basicamente no século XVII e se estendeu a todos os setores.
Assim, a antiga ordem social concebida como uma organização natural e relativamente com pouca competição cedeu lugar a uma nova mentalidade em que s permitia a valorização do privado, representado pelos bens materiais, pela propriedade particular e pelo direito à liberdade. Ao mesmo tempo, porém, as pessoas pareciam ter perdido algo: a segurança do trabalho, da moradia e o senso de relacionamento que lhes oferecia a estrutura social medieval. Eram mais livres mas também mais sozinhos.

sábado, 21 de março de 2009

O Renascimento

As influências da era medieval ainda eram significativas sobre o pensamento do homem quando este abriu as portas do mundo moderno a partir de exigências políticas, sociais, e econômicas emergentes.
A idade Média fora um período de extrema religiosidade, no qual Deus estava no centro das preocupações. Assim, as influências medievais mostraram-se especialmente fortes no terreno religioso. Muitos humanistas viam-se como bons cristãos servos obedientes da Igreja de Roma – ou das igrejas reformadas, após a ruptura conduzida pelo alemão Martinho Lutero. Mas também reivindicavam o direito de pensar de maneira crítica e de manifestar suas idéias livremente, isto é, sem a passividade que se esperava dos homens diante das estruturas religiosas e sociais do período feudal, declaradas imutáveis e sagradas. Seguindo esse pensamento os humanistas achavam que o homem devia ser dotado de Virtù, expressão definida pelo pensador e político florentino Nicolau Maquiavel como um homem obstinado por liberdade. Seu desejo possibilitaria que ele manipulasse o seu destino, que agora não mais encontrava nas mãos de Deus, mas nas suas próprias. Isso significa que o humanismo e o Renascimento foram produtos das expectativas e das aspirações de homens ávidos por uma nova ordem e se traduziram num processo de secularização. O homem passou a se ver como a medida de todas as coisas e se propôs, a partir de sua própria consciência, a construir um novo tempo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Introdução Histórica

O Classicismo desenvolve-se em meio à mudas históricas. Entre o Renascimento, a Reforma Protestante, Contra-Reforma e As Grandes Navegações, o classicismo invade a arte literária. A primeira parte deste blog tem uma apresentação destas partes da história para a situar o leitor.