sexta-feira, 1 de maio de 2009

Continuação...

Entre 1523 e 1525, começaram a acontecer as mobilizações do campesinato alemão, de inicio em apoio ao cavaleiros e depois como um movimento autônomo. Os camponeses eram liderados por Thomas Münzer (c.1448-1525), porta-voz dos anabatistas e um dos seguidores mais radicais de Lutero. Percebendo que as propostas luteranas beneficiavam prioritariamente a aristocracia, Münzer rompeu com Lutero e estabeleceu sua própria doutrina, que pregava o fim da propriedade privada. Seus adeptos, principalmente camponeses e aprendizes das cidades, revoltaram-se contra o domínio da nobreza, dos sacerdotes e dos cidadãos mais ricos.
Na Alemanha Central, o moimento tornou-se tipicamente revolucionário, com os camponeses exigindo a abolição da servidão e a posse comunitária da terra. Lutero mais uma vez manifestou-se contrário ao movimento popular, condenado pblicamene Münzer e os camponeses. Thomas Münzer rebateu às acusações vindas do pastor, chamado Lutero de “Doutor Mentiroso”. Tropas militares financiadas pela alta nobreza reprimiram brutalmente o movimento camponês. O saldo da rebelião foi cem mil mortos, entre os quais Thomas Münzer, que morreu decapitado.

Reforma e revolução

Lutero tinha expectativas de que a nobreza alemã abraçasse a religião reformada e pusesse em pratica suas concepções. Havia, porém, outros setores comprometidos com a Reforma, mais radicais do que os príncipes: os cavaleiros e as massas camponesas reunidas em torno da seita dos anabatistas. Este grupo admitia apenas o batismo dos adultos, pois as crianças não tinham maturidade para optar. Mas sua proposta de maior apelo popular era o retorno ao igualitarismo do tempo dos apóstolos, com a partilha das riquezas e especialmente da terra.
A radicalização desses grupos não tardou. Já em 1523 ocorreu a revolta dos cavaleiros. Integrantes da pequena nobreza empobrecida, eles não possuíam terras ou prestigio social. Pregavam a melhor distribuição das rendas e a diminuição do poder político da alta nobreza. Motivados pelas idéias luteranas, que criticavam a riqueza do clero, invadiram as propriedades eclesiásticas e dividiram-nas com os camponeses. Lutero condenou as ações radicais feitas em seu nome e apoiou os grandes senhores na luta contra os cavaleiros, declarando que as reformas deveriam partir da alta nobreza e que ela deveriam ser entregues as terras da Igreja Católica, após o movimento reformista.

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No mesmo ano, denunciando a venda de indulgências e a doutrina da salvação pelas obras, Lutero afixo na porta da Igreja de Wittenberg, onde era sacerdote, que apontava noventa e cinco críticas ao papado, conhecido como as 95 Teses de Lutero.
O aparecimento das 95 Teses deu início ao confronto entre Roma e o monge rebelde. Leão X exigiu que Lutero se retratasse, sob pena de ser considerado herético. Lutero respondeu à ordem papal queimando publicamente o documento que continha a intimação vinda de Roma. Como conseqüência, foi excomungado mas, com a proteção da nobreza alemã, conseguiu manter-se escondido por algum tempo.
Em apoio às decisões do papa, o imperador Carlos V convocou Lutero a comparecer diante da Dieta de Worms, assembléia imperial, para que fosse julgado pelos príncipes alemães. O julgamento foi favorável a Lutero, uma vez que a maioria dos nobres era hostil a Roma. Contrariando a decisão da Assembléia, Carlos V determinou o banimento de Lutero dos territórios imperiais. Mas o Eleitor Frederico III da Saxônia (1463-1525) o acolheu nos seus domínios, situados entre o Rio Reno e o Mar Báltico. Outros príncipes financiaram a divulgação das idéias luteranas por todo o Império.

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Mas os diferentes grupos sociais dos principados alemães tinham características, objetivos e interesses diferentes. A burguesia queria um clero menos intransigente e ao mesmo tempo desejava reduzir a transferência de capitais para Roma; a nobreza desejava apoderar-se das terras eclesiásticas, enquanto os camponeses viam na Igreja Católica um dos maiores exploradores do Império, devido à cobrança dos dízimos. Eles queriam terras para cultivar. E também estavam dispostos a lutar para se livrar da dominação dos grandes nobres, qualquer que fosse a sua religião.
Em 1517, a decretação de um bula (carta pontifícia de caráter solene) do papa Leão X (1475-1521), promulgando uma das mais notáveis vendas de indulgências já vistas na Europa, acelerou a crise. Na bula, o papa estabelecia que aqueles que contribuíssem para a construção da Catedral de São Pedro, em Roma, receberiam de Deus o perdão total de seus pecados. Para efetivar o “negócio”, Leão X propôs acordos com a França e a Inglaterra e também com os banqueiros alemães. Os signatários do acordo dividiram com Roma parte dos lucros obtidos na arrecadação.