sexta-feira, 1 de maio de 2009

Continuação...

Entre 1523 e 1525, começaram a acontecer as mobilizações do campesinato alemão, de inicio em apoio ao cavaleiros e depois como um movimento autônomo. Os camponeses eram liderados por Thomas Münzer (c.1448-1525), porta-voz dos anabatistas e um dos seguidores mais radicais de Lutero. Percebendo que as propostas luteranas beneficiavam prioritariamente a aristocracia, Münzer rompeu com Lutero e estabeleceu sua própria doutrina, que pregava o fim da propriedade privada. Seus adeptos, principalmente camponeses e aprendizes das cidades, revoltaram-se contra o domínio da nobreza, dos sacerdotes e dos cidadãos mais ricos.
Na Alemanha Central, o moimento tornou-se tipicamente revolucionário, com os camponeses exigindo a abolição da servidão e a posse comunitária da terra. Lutero mais uma vez manifestou-se contrário ao movimento popular, condenado pblicamene Münzer e os camponeses. Thomas Münzer rebateu às acusações vindas do pastor, chamado Lutero de “Doutor Mentiroso”. Tropas militares financiadas pela alta nobreza reprimiram brutalmente o movimento camponês. O saldo da rebelião foi cem mil mortos, entre os quais Thomas Münzer, que morreu decapitado.

Reforma e revolução

Lutero tinha expectativas de que a nobreza alemã abraçasse a religião reformada e pusesse em pratica suas concepções. Havia, porém, outros setores comprometidos com a Reforma, mais radicais do que os príncipes: os cavaleiros e as massas camponesas reunidas em torno da seita dos anabatistas. Este grupo admitia apenas o batismo dos adultos, pois as crianças não tinham maturidade para optar. Mas sua proposta de maior apelo popular era o retorno ao igualitarismo do tempo dos apóstolos, com a partilha das riquezas e especialmente da terra.
A radicalização desses grupos não tardou. Já em 1523 ocorreu a revolta dos cavaleiros. Integrantes da pequena nobreza empobrecida, eles não possuíam terras ou prestigio social. Pregavam a melhor distribuição das rendas e a diminuição do poder político da alta nobreza. Motivados pelas idéias luteranas, que criticavam a riqueza do clero, invadiram as propriedades eclesiásticas e dividiram-nas com os camponeses. Lutero condenou as ações radicais feitas em seu nome e apoiou os grandes senhores na luta contra os cavaleiros, declarando que as reformas deveriam partir da alta nobreza e que ela deveriam ser entregues as terras da Igreja Católica, após o movimento reformista.

Continuação...

No mesmo ano, denunciando a venda de indulgências e a doutrina da salvação pelas obras, Lutero afixo na porta da Igreja de Wittenberg, onde era sacerdote, que apontava noventa e cinco críticas ao papado, conhecido como as 95 Teses de Lutero.
O aparecimento das 95 Teses deu início ao confronto entre Roma e o monge rebelde. Leão X exigiu que Lutero se retratasse, sob pena de ser considerado herético. Lutero respondeu à ordem papal queimando publicamente o documento que continha a intimação vinda de Roma. Como conseqüência, foi excomungado mas, com a proteção da nobreza alemã, conseguiu manter-se escondido por algum tempo.
Em apoio às decisões do papa, o imperador Carlos V convocou Lutero a comparecer diante da Dieta de Worms, assembléia imperial, para que fosse julgado pelos príncipes alemães. O julgamento foi favorável a Lutero, uma vez que a maioria dos nobres era hostil a Roma. Contrariando a decisão da Assembléia, Carlos V determinou o banimento de Lutero dos territórios imperiais. Mas o Eleitor Frederico III da Saxônia (1463-1525) o acolheu nos seus domínios, situados entre o Rio Reno e o Mar Báltico. Outros príncipes financiaram a divulgação das idéias luteranas por todo o Império.

Continuação...

Mas os diferentes grupos sociais dos principados alemães tinham características, objetivos e interesses diferentes. A burguesia queria um clero menos intransigente e ao mesmo tempo desejava reduzir a transferência de capitais para Roma; a nobreza desejava apoderar-se das terras eclesiásticas, enquanto os camponeses viam na Igreja Católica um dos maiores exploradores do Império, devido à cobrança dos dízimos. Eles queriam terras para cultivar. E também estavam dispostos a lutar para se livrar da dominação dos grandes nobres, qualquer que fosse a sua religião.
Em 1517, a decretação de um bula (carta pontifícia de caráter solene) do papa Leão X (1475-1521), promulgando uma das mais notáveis vendas de indulgências já vistas na Europa, acelerou a crise. Na bula, o papa estabelecia que aqueles que contribuíssem para a construção da Catedral de São Pedro, em Roma, receberiam de Deus o perdão total de seus pecados. Para efetivar o “negócio”, Leão X propôs acordos com a França e a Inglaterra e também com os banqueiros alemães. Os signatários do acordo dividiram com Roma parte dos lucros obtidos na arrecadação.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Martinho Lutero: a justificação pela fé.


Martinho Lutero, monge agostiniano e doutor em Teologia pela Universidade de Wittenberg, foi o impulsionador da reforma religiosa na região da atual Alemanha. Ele aceitava as idéias de Jan Huss principalmente no que dizia respeito às propostas de liberdade de culto e de liberdade de consciência individual. Divergindo das orientações de Roma, Lutero acreditava que a salvação da alma resultava da fé, a graça divina mais importante do homem; e que as boas obras em nada influíam para a salvação. A partir dessa idéias, Lutero condenou a compra de indulgências como passaporte para o reino dos céus.
As condições políticas e econômicas do Santo Império Romano-Germânico, que abrangia boa parte dos territórios alemães, favoreceram a difusão das concepções de Lutero. O Império era formado por diversos principados independentes, governados por nobres que elegiam o imperador. O poder imperial estava nas mãos da dinastia dos Habsburgos, representada por Carlos V (1500-1558), que tinha fortes ligações com a Igreja Católica. Havia cardeais entre os Eleitores do Sacro Império. Além disso, muitos feudos eram controlados pelo clero, que conseguia grandes lucros com o arrecadamento dessas terras. Outras fontes de renda da Igreja provinham da arrecadação do dízimo e do comércio de indulgências. Diante do poderio econômico e dos abusos cometidos pelos eclesiásticos, diversos segmentos sociais faziam fortes críticas à Igreja, criando um terreno favorável para a proposta de reforma religiosa.

Continuação...

O conflito entre Roma e a burguesia mercantil, por sua vez, esteve ligado à oposição eclesiástica á usura, isto é, ao pagamento de juros nos empréstimos. A Igreja propunha, em vez disso, a Teoria do Justo Preço, segundo a qual era estabelecido um limite para os lucros dos comerciantes.
Como era previsível, os fatores imediatamente associados à proposta de reforma religiosa diziam respeito ás práticas da Igreja Católica: a venda de indulgências para o perdão dos pecados, as negociatas em torno dos cargos religiosos,o despreparo e a vida desregrada de muitos sacerdotes tornavam-na alvo de criticas de grande impacto popular.
Na esfera teológico-filosófica, estavam em confronto duas propostas. De um lado o Tomismo, doutrina do teólogo italiano São Tomás de Aquino, adotada oficialmente pela Igreja Católica, e que tentava conciliar o cristianismo com a teoria do livre-arbítrio; do outro lado, as concepções de Santo Agostinho (354-430), doutor da Igreja nascido na África romana, que pregavam a predestinação e a fé. A doutrina agostiniana serviria de base para a Reforma Protestante.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Continuação...

Questionando verdades estabelecidas, sacramentadas pela Igreja, o homem do Renascimento lançou-se na aventura de pensar livremente. A teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico, o método cientifico de Francis Bacon (1561-1626), a física de Isaac Newton (1642-1727), as múltiplas pesquisas empreendidas por Leonardo da Vinci apontavam o caminho, levando ao abandono de muitas concepções medievais e enfatizando a importância da razão e do pensamento sem barreiras. Essa atitude seria estendida á esfera religiosa: a Reforma não propunha intermediários entre Deus e o homem.
A formação das monarquias nacionais também contribuiu para o movimento reformista, uma vez que o conflito entre o poder temporal, representado pelo rei, e o poder espiritual, representado pelo papa, constituiu um obstáculo ao fortalecimento da autoridade central. Além disso, os dízimos transferidos para Roma prejudicavam as finanças dos Estados nacionais. E os extensos feudos da Igreja em cada país eram cobiçados pelos reis e pela nobreza territorial, que se apoderaram deles no decorrer da reforma religiosa.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Continuação...

A execução de Huss por ordem do imperador Sigismundo (1368-1437), que governava o Sacro Império Romano-Germânico , deu origem ao hussismo, movimento de massas contra a autoridade eclesiástica e imperial. O hussismo passou a ser a bandeira de rebelião das massas camponesas empobrecidas, e também a expressão do nacionalismo boêmico. Em 1434, depois de numerosas vitórias, os hussitas foram massacrados. Um século depois, Lutero admitiria que Huss era o grande precursor da Reforma. A afirmçao da nacionalidade, que levava os camponeses a Boêmia à rebelião sob a bandeira hussita, em outras partes a Europa conduzia à formação das monarquias nacionais. Isso é um indício de que, naquele momento, interligavam-se os vários aspectos da crise feudal, tais como o desenvolvimento cultural e cientifico, a formação das monarquias nacionais, o peso crescente dos setores mercantis e manufatureiros e o declínio da Igreja Católica. Todos esses aspectos se associaram à reforma religiosa, articulando-se ao maior ou menor grau de centralização do poder político e as outras condições que variam de país para país.

A Reforma Protestante

Os precursores da reforma.
Alguns intelectuais dos séculos XIV e XV podem ser considerados precursores do movimento reformista. Entre eles esta o inglês John Wycliffe (c.1330-1384), professor em Oxford, que denunciou a corrupção do clero e desafiou a autoridade da Igreja ao afirmar que qualquer um que tivesse fé poderia conseguir a salvação eterna. Suas idéias sobre a salvação pela fé e não pela pratica de “boas obras”, como a compra de indulgências, serviam de inspiração para as 95 teses que expressaram as críticas de Martinho Lutero à Igreja Católica.
Outro precursor da Reforma foi o padre Jan Huss (c.1370-1415), natural da Boêmia (região que hoje integra a República Tcheca), que morreu queimado na fogueira em 1415. Profundo conhecedor dos textos bíblicos e do pensamento de Wycliffe, Huss pregava a obediência estrita às Escrituras e denunciou a corrupção e o luxo do clero. Ele traduziu textos sagrados para a língua do seu povo; sua vida e sua obra são reverenciadas como momentos marcantes de afirmação da nacionalidade tcheca.

domingo, 5 de abril de 2009

Continuação...

Outros estados como Inglaterra e França seguiram os passos dos ibéricos. Assim, foi a serviço da Inglaterra que o italiano João Caboto realizou duas viagens ao Canadá, em 1497 e 1498. Em meados do século XVII, os habitantes de todos esses países já haviam tido contato com a America. Isso acabou por modificar profundamente o conhecimento que os homens tinham do mundo e de si mesmo, abrindo caminho para novos interesses e maneiras de pensar. Uma tese afirma que, em 1498, o navegador português Duarte Pacheco Pereira, a serviço de D.Manuel I, teria ancorado no litoral brasileiro. Esse ponto estaria registrado no livro “Esmeraldo de Situ Orbis”,ou “Sobre os Mares do Mundo”, escrito pelo navegante entre 1505 e 1508.

Continuação...

A rota ocidental para o oriente voltaria à ordem do dia em 1519, com a expedição de Fernão de Magalhães, navegador português financiado pela Espanha. Magalhães partiu da Espanha com cinco navios.Dirigiu-se ao Atlântico sul, passou pelo extremo meridional do continente, utilizando a passagem hoje conhecida como estreito de Magalhães, cruzou o Oceano Pacifico e em 1521 chegou às Filipinas, onde foi morto num conflito com os nativos. A viagem durou três anos e, pelo que consta dos 237 homens a bordo cinco navios, apenas dezoito retornaram, num único barco. Entre o punhado de sobreviventes estava Francisco Pigaffeta, navegante e escritor. Ele foi o responsável pelos relatos da viagem, que comprovavam que a terra era redonda: a primeira circunavegação do planeta se realizou sob a bandeira espanhola.

sábado, 4 de abril de 2009

Continuação...


Finalmente, em 1500, Pedro Álvares Cabral, nobre que se destacara na corte portuguesa como hábil negociador, viajou para as índias como enviado especial de D. Manuel, encarregando de estabelecer contatos diplomáticos com os reis daquela região, Cabral aportou na ilha de Vera Cruz, primeiro nome dado ao Brasil, e depois seguiu viagem até a Índia. Ao regressar com a notícia que havia tomado posse das terras do Novo Mundo, ampliando as possessões lusitanas, recebeu várias homenagens.
Diferentemente dos portugueses, os espanhóis optaram por outra rota, na tentativa de descobrir também um caminho para as índias: o poente (oeste). Cristóvão Colombo foi um dos primeiros navegadores a fantasiar a descoberta do que seria a América: ele acreditava que o seu empreendimento abriria as portas para o paraíso. Navegador italiano, ele foi financiado pela coroa espanhola após a queda de Granada, ultimo reino mulçumano na Península Ibérica. Sua chegada em 1492 à América - que ele julgava se parte das Índias - e as expedições subseqüentes ao Novo Mundo acirraram as disputas entre Espanha e Portugal.

Continuação...

O projeto de exploração marítima receberia novo impulso no reinado de D. João II. Em 1482 Diogo Cão chegou à foz do rio congo e nos três anos seguintes conduziu seus navios mais para o sul. Depois foi a vez de Bartolomeu Dias,que,entre 1487 e 1488, conseguiu chegar ao extremo meridional do continente africano, que passou a ser chamado de Cabo da Boa Esperança. Em 1497, Vasco da Gama, nomeado pelo rei D. Manuel I, partiu de Portugal à frente de uma expedição que descobriu o caminho marítimo para as Índias. Contornando a costa oriental da África, a frota portuguesa passou por Moçambique, a seguir por Mombaça e, finalmente, chegou em 1498 em Calicute, na costa sudoeste da Índia. Em 1524, Vasco da Gama refez seu trajeto, implantando as bases para o domínio português no Oceano Índico.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O expansionismo Ibérico

No início do século XV, os portugueses iniciaram seus grandes empreendimentos marítimos em direção a Ásia navegando pelo oceano Atlântico. As viagens se tornaram mais intensas após a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A passagem terrestre da Europa para o oriente foi bloqueada, o que agravou a urgência para se achar um novo caminho para a Índia.
O pioneirismo português nessa “aventura marítima” pode ser explicada pelos seguintes fatores: consolidação precoce do regime monárquico; relativa à escassez de recursos naturais; existência de uma estrutura social que dava importância ao comércio; liderança em tecnologia náutica; espírito de aventura.A primeira conquista dos portugueses no continente africano foi a cidade marroquina de Ceuta, em 1415. A seguir, navegadores portugueses atingiram a Ilha da Madeira entre 1427 e 1431, o Arquipélago dos Açores. Em 1434 Gil Eanes ultrapassou a barreira do cabo Bojador, que, segundo a tradição grega, era o limite máximo para se navegar sem o perigo de ser queimado ou engolido por um monstro marinho. Em 1440, as explorações ganharam um importante apoio tecnológico com o desenvolvimento das caravelas, mais leves e manejáveis. Utilizando caravelas, os portugueses atingiram o Arquipélago de Cabo Verde em 1444 e continuaram a explora a costa africana, chegando em 1460 à Serra Leoa.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Continuação...

É somente a partir do século XV que as viagens ultramarinhas ganham impulso. Num primeiro momento, eles eram organizados por governos e companhias de comercio, com o objetivo de exploração. A necessidades de se obter metais preciosos para a cunhagem de moedas impulsiona a expansão ultramarina. Além disso, portugueses e espanhóis precisam encontrar o caminho marítimo para as Índias, pois isso lhes permitiria aumentar a lucratividade do comercio de artigos orientais, até então monopolizados pelos italianos. Sem o apoio dos governos, esse empreendimento não seria possível. Ao lado da necessidade de metais preciosos e produtos orientais, em especial as especiarias, havia o espírito missionário,o desejo de agradar a Deus com a conversão dos pagãos, e o espírito de aventura dos navegadores.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Inferno e paraíso

O encontro dos europeus com os habitantes de América teve forte conotação maniqueísta. De um lado, estava o “bem”, simbolizado por Deus e pela busca do paraíso; de outro, o “mal”, representado pelo Diabo e o inferno. Assim, a idéia da conquista de novas terras vinha acompanhada pelo desejo de levar a palavra de Deus para as “criaturas demonizadas” do Novo Mundo, por meio da catequese.
A idéia da existência de uma “humanidade invisível” nas terras ultramarinas, sustentada pelas considerações imprecisas de alguns viajantes, ratificada a lógica da identificação desses povos com o Demônio.
Em torno desse tema, articulou-se ma sucessão de representações fantásticas em que se transformarão em perfeitas epopéias.O pensamento cristão havia se adaptado à política expansionista e a propagação da fé vincula-se a empresa marítima. O próprio “descobrimento” do Brasil recebeu uma explicação teológica. Para os religiosos portugueses, dentre as diversas nações do planeta, Portugal teria sido escolhido por Deus para concretizar tal realização.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Continuação...

As limitações da época foram responsáveis por erros consideráveis na descrição da Terra. Existem enganos, por exemplo, nos mapas mediterrâneos de Ptolomeu: ele supunha que a África estava ligada por terra à Ásia, fechando o oceano Índico. Acreditava-se na existência de um continente ao sul do Índico, e a Ásia era mostrada bem mais a leste do que realmente esta. Esse acervo cartográfico foi utilizado por Cristóvão Colombo para comprovar a sua chegada às Índias.
É verdade que cada expedição marítima melhorava as condições para a expedição seguinte, pois testava aperfeiçoamentos técnicos e proporcionava novos conhecimentos. Objetos como o astrolábio (instrumento circular ou esférico graduado usado para determinar a altura do sol), a bússola, quadrantes (instrumento óptico que permite medir a altura dos astros) e portulanos (roteiros descritivos de viagens) foram extremamente úteis as grandes navegações. De modo geral, porém, esses instrumentos levavam a conclusões imprecisas.
Com o passar do tempo, a visão cartográfica aproximou-se cada vez mais do real, mas as alegorias e os valores ideológicos dominantes no período permaneceram nos mapas da época moderna. Das aventuras dos europeus no “mar tenebroso”, como era denominado o Atlântico, surgiram descrições interessantes a respeito do que ainda não era totalmente conhecido.
Os mapas representados na modernidade européia renascentista, centro da cultura cristã, espelhavam-se na imagem criada pelo europeu. A posição saliente da Europa ricamente vestida é uma mostra de como o velho mundo se via em relação as outras partes do globo.
A América é apresentada como uma região que desconhece as estruturas políticas, de acordo com o significado da palavra para os Europeus. A pratica do canibalismo, um habito condenável pelos cristãos, também é evidenciada.

domingo, 29 de março de 2009

Tratado de Tordesilhas

Este é apenas um texto informativo, a próxima postagem virá com a continuação do tópico anterior.
A expansão marítima portuguesa e espanhola foi seguida por inúmeras petições (pedidos ou solicitações dentro de formalidades legais) à Igreja com o objetivo de proteger o acesso aos metais preciosos, ás especiarias orientais e às oportunidades do Oriente.
Portugueses e espanhóis obtiveram como resposta às suas petições uma série de bulas papais (documentos emitidos pelos papas de caráter internacional e oficial) que lhes concediam o monopólico no mar Oceano. Dentre esses documentos destacaram-se a bula “Aeterni Regis” de 1481. Em 1494, o rei lusitano opõe-se á ultima concessão papal e exige novas negociações. Um acordo é alcançado em junho daquele ano, por meio do tratado de Tordesilhas.
Esse documento, assinado entre os dois governos na cidade de Tordesilhas, garantiu à Coroa portuguesa as terras que viessem a ser “descobertas” até 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Pode-se dizer que tal tratado permitiu moderar a disputa entre os países ibéricos. Mas, quando outros países entraram na corrida marítima, ele não teve qualquer poder para detê-los. Francisco I, rei da França, observou ironicamente: “Gostaria muito de ver no testamento de Adão a passagem em que ele divide o Novo mundo entre meus irmãos, o imperador Carlos V (da Espanha) e o rei de Portugal”. Em meados do século XVI, o ministro William Cecil (1520-1598), do governo da rainha Elizabeth I, advertiu o embaixador da Espanha de que “O papa não tinha direito de fazer a partilha do mundo e de dar e tirar reinos a quem bem entendesse”.

sábado, 28 de março de 2009

Continuação...

Apesar de sua curiosidade, os europeus temiam o desconhecido. Detentores de poucas técnicas náuticas e aterrorizados pelas histórias de monstros marinhos, os navegadores também estavam cientes das dificuldades de comunicação.
Outro problema era a insuficiência de mapas cartográficos. A cartografia da época entrava em contradição com a da Antigüidade Clássica, uma vez que gregos e romanos, por exemplo, tinham confeccionado mapas muito mais preciosos do que os homens medievais. Dentre as obras que sobreviveram à ação do tempo destacou-se o trabalho de Ptolomeu, cujas cartas foram utilizadas por Cristóvão Colombo (1451-1506) em seu projeto de navegação.
Esse, portanto, foi um dos motivos responsáveis pelo atraso no inicio da expansão marítima, que se deu somente a partir do século XV.
Até a assinatura do Tratado de Tordesilhas (1494), a cartografia do Velho Mundo praticamente se baseava nas teorias de Ptolomeu. O conhecimento cartográfico, a partir do século XV, passou a significar poder e múltiplas vantagens para os Estados nacionais,como no caso dos portugueses, que no final do século XV lideraram a confecção de mapas. O conhecimento cartográfico era segredo de Estado.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A Expansão Ultramarina Européia

O Grande Apelo do Desconhecido
Quais razões levaram os navegadores europeus dos séculos XV e XVI a sair do seu espaço familiar, o seu “berço”,para ampliar os limites do mundo?
A expansão marítima não atendeu apenas a interesses comerciais. Os europeus tinham outras motivações. Entre elas, o desejo de conhecer “as maravilhas” narradas pelos poucos homens que haviam tido a oportunidade de viajar naquela época.
Os relatos de viagens mesclavam realidade e fantasia. O “Livro das Maravilhas”, do italiano Marco Polo (1254-1324), e as histórias do francês Jean de Mandeville (1300-1372) são bons exemplos da união entre o real e o imaginário.
Os mitos que cercavam o homem moderno, e que se ligaram de forma intrínseca ao movimento ultramarino dos séculos XV e XVI, tinham suas origens na mentalidade medieval, que fundia a maravilha e a busca do paraíso com motivos religiosos e a procura de riquezas. Os relatos de Marco Polo e de outros viajantes medievais que haviam percorrido a Ásia e a região do Índico favoreceram o surgimento de fantasias referentes à descoberta de novas terras, nas quais haveria a possibilidade de se encontrar riquezas e “monstros”. Essa tradição mitológica medieval foi fertilizada na modernidade pelos complexos modos de ver e de sentir a aventura do além-mar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Continuação...

Nos estudos da física destacaram-se Galileu Galilei e Leonardo da Vinci. O primeiro desenvolveu a lei da queda dos corpos e o segundo desenvolveu a pesquisa no campo da hidráulica e da hidrostática.
No campo das ciências relacionadas à medicina destacaram-se Mundinus, que introduziu a prática da dissecação de cadáveres para obter um conhecimento legítimo da anatomia humana: Falópio o descobridor dos ovidutos humanos ou trompas de Falópio; Eustáquio que descobriu a ligação entre o ouvido médio com a garganta e, dentre outros, Miguel Servet e William Harvey que realizaram trabalhos referentes à circulação do sangue. Neste campo, Leonardo da Vinci também se destacou e realizou dissecações buscando um maior conhecido anatômico para aplicar em suas obras de arte.
Podemos ainda apontar como cientistas de destaque o alemão Johann Kepler e o suíço Paracelso. Kepler aperfeiçoou a teoria de Copérnico ao comprovar que os planetas se movimentavam em torno do Sol em uma órbita elíptica e não circular. Por sua vez, o alquimista e médico Paracelso (cujo nome verdadeiro era Theophrastus von Hohenheim) escreveu o primeiro manual de cirurgia, focalizou o papel da química na medicina, fez uma descrição clínica da sífilis e descobriu a relação do cretinismo dos filhos e o bócio dos pais.

quarta-feira, 25 de março de 2009

E o raciocínio provou que a Terra gira em torno do Sol...

Era inevitável que um movimento tão vigoroso quanto o Renascimento, que estudou o homem e a natureza fundamentado no espírito crítico, contribuísse para o desenvolvimento científico. Em especial, os campos da astronomia, da matemática, da física e da medicina tiveram importantes avanços.
O grande feito da astronomia foi a comprovação da teoria heliocêntrica que se contrapôs à teoria geocêntrica de Ptolomeu. Enquanto os geocentristas defendiam a idéia que o Sol girava em torno da Terra, os heliocentristas defendiam a idéia que a Terra girava em torno do Sol. A teoria geocêntrica foi refutada abertamente pela primeira vez por Nicolau de Cusa. Posteriormente, o polonês Nicolau Copérnico, estudioso de direito civil e canônico que freqüentou importantes universidades na Itália, interessou-se pela astronomia e com, base em cálculos matemáticos e sugestões de alguns importantes cientistas italianos, concluiu que os planetas giravam em torno do Sol. O resultado de suas pesquisas só seria divulgado no século XVI, uma vez que o cientista polonês temia a hostilidade da Igreja Romana. Galileu Galilei, um dos mais importantes cientistas italianos, comprovou a teoria heliocêntrica de Copérnico. De posse de um telescópio, Galileu descobriu os anéis de Saturno, os satélites de Júpiter e as machas do Sol. Além disso, Galileu concluiu que a Via Láctea era uma aglomeração de corpos celestes independentes do nosso sistema solar.

terça-feira, 24 de março de 2009

Continuação...



O classicismo manifestou-se nas artes plásticas, no ideal de serenidade e harmonia, mas está presente em todas as esferas da criação renascentista. Essa característica pode ser explicada a partir da retomada dos valores da Antiguidade, como correntes de pensamento, doutrinas políticas, concepções filosóficas e históricas. Ou seja, o classicismo representou uma espécie de “depósito de pensamentos” sujeito a transformações de acordo com as necessidades ou desejos da época.
O hedonismo renascentista, por sua vez, valorizou o corpo, os prazeres terrenos e espirituais, o culto do belo e da perfeição. O naturalismo estimulou o domínio do homem sobre a natureza e levou à substituição das explicações sobrenaturais ou transcendentais pelas racionais.
Finalmente, em vez do teocentrismo medieval, o antropocentrismo renascentista reservou o centro do universo ao homem. Este passou a desenvolver sua capacidade de descobrir verdades por conta própria e de crescer, material e espiritualmente, a fim de deixar sua marca no mundo. O homem passou a construir as coisas à sua imagem e semelhança, escolheu seu próprio passado e teve a capacidade de deixar um testemunho da sua existência a partir da sua excelência e imortalidade.
Em certa medida, porém, essa atitude implicou em conflito com as concepções religiosas, ou seja, os pensadores renascentistas questionaram não só o conservadorismo da Igreja, mas também formularam novos princípios que terminaram por deflagrar os movimentos religiosos reformadores, entre os quais a ruptura impulsionada por Martinho Lutero.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A trajetória de uma idéia

Vantagens comerciais decorrentes de posição geográfica, a existência de um grande número de unidades políticas independentes e o desenvolvimento manufatureiro permitiram que o norte da Península Itálica fosse a região precursora do movimento renascentista. Aos fatores mencionados, somam-se a presença de uma tradição clássica muito forte, graças ao seu passado com centro do Império Romano, e a influência dos bizantinos, que se fixaram na península para escapar aos ataques dos turcos contra Constantinopla. Outro elemento importante foi o papel desempenhado pelos mecenas: papas, cardeais, príncipes ou ricos mercadores que, movidos pela ambição, pela busca de popularidade e poder, passaram a contratar os serviços dos artistas e se tornaram os grandes incentivadores da cultura italiana.
Os mecenas souberam escolher: alguns de seus protegidos realizaram obras que desafiam os séculos, vendo o homem como parte da natureza e buscando proporções naturais entre a formas humanas e o meio circundante.
Em suas pesquisas, Leonardo da Vinci evidenciou sua preocupação com a anatomia humana e a necessidade de conceber as imagens por meio do rigor matemático. Michelangelo (1475-1564), arquiteto, pintor e escultor emprestou a beleza e a força da herança greco-romana a personagens bíblicos. E Rafael expressa, em suas Madonas, a harmonia e a serenidade do classicismo renascentista.
A partir do século XV, a cultura renascentista saiu da Itália e se espalhou por outros países, apresentando características tais como: classicismo, hedonismo, naturalismo, antropocentrismo e racionalismo.

domingo, 22 de março de 2009

Continuação....

(Esclarecimento: Em decorrência do tamanho do assunto as postagens serão feitas em pequenas partes, para que a leitura se torne agradável. Quando o título da postagem for Continuação estará se referindo ao tópico anterior.)
O Renascimento cultural teve sua origem nas mudanças políticas, econômicas e sócias ocorridas a partir da Baixa Idade Média. Foram transformações dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, dos valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e que atingiram a alta burguesia e a nobreza, excluindo os demais segmentos da sociedade. Portanto, tratou-se de um movimento elitista.
Mas o período medieval não terminou subitamente em dado ponto nem a sociedade moderna veio à vida em um outro. Alterações na mentalidade do homem, bem como no gosto, na arte, na filosofia, na teologia, na economia e na política fizeram parte de um processo lento que se iniciou basicamente no século XVII e se estendeu a todos os setores.
Assim, a antiga ordem social concebida como uma organização natural e relativamente com pouca competição cedeu lugar a uma nova mentalidade em que s permitia a valorização do privado, representado pelos bens materiais, pela propriedade particular e pelo direito à liberdade. Ao mesmo tempo, porém, as pessoas pareciam ter perdido algo: a segurança do trabalho, da moradia e o senso de relacionamento que lhes oferecia a estrutura social medieval. Eram mais livres mas também mais sozinhos.

sábado, 21 de março de 2009

O Renascimento

As influências da era medieval ainda eram significativas sobre o pensamento do homem quando este abriu as portas do mundo moderno a partir de exigências políticas, sociais, e econômicas emergentes.
A idade Média fora um período de extrema religiosidade, no qual Deus estava no centro das preocupações. Assim, as influências medievais mostraram-se especialmente fortes no terreno religioso. Muitos humanistas viam-se como bons cristãos servos obedientes da Igreja de Roma – ou das igrejas reformadas, após a ruptura conduzida pelo alemão Martinho Lutero. Mas também reivindicavam o direito de pensar de maneira crítica e de manifestar suas idéias livremente, isto é, sem a passividade que se esperava dos homens diante das estruturas religiosas e sociais do período feudal, declaradas imutáveis e sagradas. Seguindo esse pensamento os humanistas achavam que o homem devia ser dotado de Virtù, expressão definida pelo pensador e político florentino Nicolau Maquiavel como um homem obstinado por liberdade. Seu desejo possibilitaria que ele manipulasse o seu destino, que agora não mais encontrava nas mãos de Deus, mas nas suas próprias. Isso significa que o humanismo e o Renascimento foram produtos das expectativas e das aspirações de homens ávidos por uma nova ordem e se traduziram num processo de secularização. O homem passou a se ver como a medida de todas as coisas e se propôs, a partir de sua própria consciência, a construir um novo tempo.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Introdução Histórica

O Classicismo desenvolve-se em meio à mudas históricas. Entre o Renascimento, a Reforma Protestante, Contra-Reforma e As Grandes Navegações, o classicismo invade a arte literária. A primeira parte deste blog tem uma apresentação destas partes da história para a situar o leitor.